RESIDÊNCIA ELZA BERQUÓ
AUTOR(ES): J.B. VILANOVA ARTIGAS
DATA DE PROJETO: 1967
LOCALIZAÇÃO: RUA APUÁ, BAIRRO CHÁCARA MONTE ALEGRE, SÃO PAULO, SP.
FONTES DE PESQUISA: ACRÓPOLE N.368, P.13, DEZ.1969.
REFERÊNCIA DO TEXTO: ZEIN, 2005: P.234

Se a casa Mendes André pode ser considerada uma experimentação tecnológica, a casa Berquó pode ser entendida como uma experimentação artística, corroborando a declaração do autor em texto da época de que “a arquitetura reivindica para si uma liberdade sem limites no que tange ao uso formal. Ou melhor, uma liberdade que só respeite a sua lógica interna enquanto arte” (Acrópole, nº 319, jul. 1965. Nem a técnica (ou o avanço tecnológico) nem a política (ou seu retrocesso) tem domínio pleno sobre a arte de construir, pois a arquitetura é também busca artística cujos caminhos se limitam apenas por sua lógica interna, e quaisquer outras lógicas externas, podem constrangê-la mas não defini-la.

Nesta casa Artigas flerta a possibilidade artística do popular naïve, nas estampas de chitão nos pisos, nos pseudo-lambrequins dos beirais, nas janelas pequenas, nos tijolos dos fechamentos, na barra inferior de cor mais clara, no jeito desconexo de pedaços agregados ao modo de uma casa popular feita aos poucos e sem muita “arte”. Mas está longe de ser uma proposta ingênua, pois se trata de arquitetura erudita, que se revela ao olhar atento: as proporções das plantas mostram o controle formal de traçados reguladores; o ritmo estrutural navega entre o simples e o sofisticado: os eixos dos apoios se distribuem em um ritmo longitudinal de 5.5/5/5.5 m (mais balanços de 2.5 m) e transversal de 4/4/4 m, com colunas discretas de secção quadrada, exceto pelas quatro colunas centrais em troncos de madeira natural; no total apenas oito colunas (e não nove), com um único pilar mediano na fachada frontal contradizendo o ritmo ternário do esquema em pátio interno. Não faltam outras sofisticações projetuais, desde a concepção aos detalhes, para demonstrar que a referência ao popular existe, mas ocorre mesclada a uma seguramente alta dose de perícia técnica e artística.

 

FOTOS:


RUTH VERDE ZEIN (1985)

FOTOS:

Fotos Ruth Verde Zein, 1985    
Ruth Verde Zein, 1985    

 

IMPLANTAÇÃO:

DESENHO TÉCNICO: VIVIAN DE FREITAS PIO

 

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