Cada casa ou cada obra de Joaquim Guedes é sempre uma oportunidade distinta e peculiar, um exercício de ofício onde o arquiteto vai testando materiais conforme melhor se coadunem com estruturas formais e investigações plásticas distintas. Nesta casa ele declara desejar “estudar as relações entre o concreto, o vidro e o tijolo - este enquanto material de vedação – e, também, entre os volumes de concreto – enquanto estrutura – e o vidro […] Aqui, o vidro existe enquanto matéria; não é apenas transparência; ele constrói volumes prismáticos transparentes-refletentes”; e quer testar testa uma “maior liberdade no desenho dos volumes, sem perda de rigor lógico quanto à sua organização e construção”.

O conjunto de suas casas não necessariamente assume uma linha seqüencial ou pretende ter algum propósito que lhe seja externo; pratica repetições e retomadas, porque o autor é sempre o mesmo, mas está livre para testar quaisquer outras possibilidades. Diferentemente de seus contemporâneos, suas casas não são propostas de modelos, mas resultados de circunstâncias: “Não creio que valha à pena sonhar com residências para o dia em que não haja mais inscritas no solo as linhas demarcatórias da propriedade particular do solo urbano. […]Outros farão a realidade de amanhã, com maior obrigação e competência. Que sentido tem imaginar modelos para um futuro remoto?” (Acrópole, no 347, fev. 1968, p. 14).