Este projeto inaugura o tema dos edifícios de apartamentos em clave totalmente brutalista; não apenas devido ao uso extensivo do concreto aparente em suas empenas e estruturas, mas também pela indicação dos autores de que a proposta original era realizá-lo de maneira tecnologicamente avançada para a época, em “duas cortinas laterais portantes, [executadas] com formas metálicas deslizantes [reaproveitáveis] e concretagem contínua até o último andar, com travamentos intermediários em três pontos”. Embora tal solução não tenha sido afinal adotada, a proposta sinaliza o desejo de experimentação, inovação e alargamento dos horizontes arquitetônicos, com ênfase nas questões estruturais e construtivas que caracterizam o brutalismo em geral e muito enfaticamente, o brutalismo paulista.

A planta-tipo do Edifício Guaimbê retoma o tema da “galeria corredor” também presente no edifício da Rua Piauí (Mello Saraiva e Schneider) torna-se amplo espaço de uso múltiplo abrigando áreas de estar e jantar, que eliminam o corredor de distribuição e garantem maior fluidez entre os ambientes. Notem-se as pequenas diferenças de nível no piso realizadas graças a um engenhoso aproveitamento das dimensões, alturas das vigas e posicionamento das lajes, resultando num “vazio” horizontal que faz às vezes de duto e colabora com a ventilação dos ambientes dispostos na porção mais central da planta. Um tema virtuoso que Mendes da Rocha seguirá explorando em outras propostas nas décadas seguintes.