Com terreno em forte declive, a casa se resolve em um volume isolado e distribuído verticalmente em quatro níveis, dois acima e dois abaixo da rua. O detalhe mais relevante da obra parece ser sua estrutura em “árvore”, com apenas quatro colunas internalizadas que, quando necessário, lançam braços de apoios inclinados para aliviar os maiores balanços das sucessivas lajes. O posicionamento central das quatro colunas de apoio e a distribuição dos espaços reelabora o antigo problema da planta palladiana quadrada composta por nove quadrados, embora as dimensões laterais exíguas do lote original resultam em um perímetro retangular. A estrutura portante é deixada aparente, as alvenarias de fechamento são revestidas e pintadas e ambas são separadas por juntas de dilatação. A ausência de beirais define claramente os perímetros, reforçados por alguns caixilhos de vidro nas esquinas. A hábil disposição do acesso da rua num mezanino acima das áreas sociais e de serviços promove um pé-direito duplo que amplia virtualmente os espaços e ajuda a celebrar a estrutura inusitada. Esta casa não é um marco por seu tamanho, mas por sua mistura de ousadia e contenção, e também dá exemplo pela precisão dos detalhes obsessivamente desenhados, cada qual não se contentando em repetir ou inventar, mas reelaborando exaustivamente cada questão, reposta desde seus fundamentos.

Menção Honrosa na VIII Bienal de Arte e Arquitetura de São Paulo, 1965.